Recebeu a notícia de que seu bebê está abaixo do percentil esperado para a idade gestacional, mas não tem ideia do que isso quer dizer?
Pois é, o crescimento fetal é avaliado pelo tal do percentil: um “numerozinho de nada”, mas com um significado enorme e, claro… nada óbvio. Sabendo que esse é um assunto que causa muitas dúvidas na mente das gestantes, resolvi tentar descomplicar.
Segue aqui lendo esse texto e me diz se consegui te esclarecer.
O percentil, nada mais é do que a informação que permite ao seu médico avaliar se o seu bebê está crescendo como o esperado para a idade gestacional e é considerado pela OMS como normal quando se encontra entre o 10 e o 90. Ou seja, desde que maior que 10 e menor do que 90.
Sendo assim, a restrição de crescimento fetal(RCIU) é quando o feto se encontra abaixo do percentil 10 de peso para a idade gestacional.
Mas isso é comparar o seu bebê com os bebês da população em geral. Sendo assim, é importante que o seu médico avalie o seu bebê individualmente e nessa avaliação é necessário levar em conta múltiplos fatores, como o tamanho que os pais nasceram, presença de doenças maternas, além do ritmo de crescimento da sua criança nas outras ultrassonografias.
Por isso, é recomendável que você escolha o seu médico ultrassonografista de confiança e realize o acompanhamento de toda a sua gestação com ele e no mesmo equipamento.
Cada equipamento tem o seu “padrão” de cálculos (assim como as balanças e todos os outros equipamentos eletrônicos), bem como cada médico, tem a sua preferência na forma de realizar o exame, mesmo seguindo os padrões internacionais, pequenas variações podem ocorrer e quando você faz cada exame com um médico, esse fator de confusão fica mais presente.
O bebê que cresce pouco (Percentil < 10):
É necessário nesse bebê, tentar diferenciar entre um Pequeno para a idade gestacional (PIG) e um bebê com restrição de crescimento intra-uterino (CIUR ou RCIU). Para isso, utiliza-se
- peso do bebê,
- doppler das artérias uterinas,
- exames laboratoriais da mãe
- avaliação da pressão arterial da gestante.
Uma avaliação sequencial é sempre mais rica em informações do que um exame isolado, é claro, por isso, um bebê que estava sempre próximo do percentil 50 nos ultrassons e nos exames posteriores começou a cair (percentil 35, 20) é um bebê que merece ser acompanhado com maior frequência do que o recomendado para uma gestação habitual.
Esse diagnóstico é importante porque a RCIU é um distúrbio do crescimento que está relacionada a risco aumentado de morte intrauterina, morbidade neonatal e morte neonatal.
Portanto, a detecção e vigilância pré-natal com a otimização do momento do parto são necessárias para melhorar os resultados da gravidez.
O bebê que cresce demais (Percentil > 90):
O bebê grande para a idade gestacional (GIG), segue a mesma lógica. Vamos considerar a história familiar, bem como avaliar presença de obesidade materna e/ou diabetes gestacional.
Da mesma forma que em todas as gestações, é mais importante avaliar a sequência de crescimento, do que um exame “solto”.
Se eu estou avaliando o crescimento de um bebê e ele sempre esteve num percentil em torno de 40, 50 e de repente pula para o 80-90, pode ter surgido um diabetes gestacional ou o consumo calórico da mãe pode ter se elevado (elevando o risco de adquirir a doença num futuro próximo).
Espero que tenha te ajudado um pouco com essa confusão de percentil e uma dica que eu dou para as gestantes com quem tenho a oportunidade de conversar é: sempre procure saber essa informação, pois nem todo médico detalha isso no laudo e pode passar despercebido.
Anota aí então pra você perguntar no próximo exame:
-Dra, o percentil do peso do meu bebê está normal?
Informação é tudo!
As informações contidas neste artigo tem cunho informativo e não substituem a consulta médica individualizada.
*Referências:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15519426/
https://www.researchgate.net/figure/Figura-2_fig1_26359465
Dra Winni Scardua, Médica Radiologista/Ultrassonografista, Registro de qualificação de especialista número 12465
- membro do Colégio Brasileiro de Radiologia
- + de 20 mil exames realizados.
- equipamento de última geração
- ultrassonografia humanizada